quarta-feira, 20 de maio de 2015

Pontualidade x Segurança


Sempre tive o costume de ser pontual, literalmente pontual. Acho que pra equilibrar um pouco do extremos opostos que  meus pais são. Meu pai, mais que britânico, sempre chega aos lugares com meia hora, uma hora de antecedência... Minha mãe, sempre meia hora, uma hora depois...Resolvi ser o meio termo, nem antes, nem depois. Na hora. 


Aqui na Irlanda o tempo é bem complicado às vezes. Venta muito, quando digo muito, é capaz de balançar um carro e dependendo da velocidade que ele esteja jogar ele no acostamento... Ou você pode ir andando de patinete pra frente e não sair do lugar...Bem isso. E chuvas... Tem chuvas também. Então quando cai de no mesmo dia ter  vento forte e  chuva...mesmo com intenção de ser pontual, pode ser que a pessoa não consiga. E quando digo não consiga...Não são atrasos gigantescos, mas atrasos pequenos, tolerável de 5, 7 minutos no máximo.

Bem, foi o que aconteceu...cheguei  “atrasada" ao colégio da Sofia. Quando digo "atrasada", digo menos de 7 minutos após o toque de liberar. Quanto cheguei ela estava aos prantos. 

Perguntei o que tinha acontecido.

Ela: Eu sai e você não estava aqui.

Mostrei o relógio. Que horas Sofia? Ela 15h05min. Eu: Que horas você larga? 15h00min. E já foi emendando na frase... mas todas as minhas amigas já foram e você não estava aqui.

Eu: suas amigas estavam saindo da escola enquanto eu entrava entrando. Dei tchau para algumas. 

Vim o caminho pensando o porquê dela chorar com os poucos minutos... Se a minha pontualidade deixava ela insegura nos poucos momentos e ocasiões que não pude cumprir com ela....Estava preocupada.

Chegando em casa, falei, não quero mais ver você chorando por isso ok? Eu sempre te pego, não é? Nunca me atrasei e foram 5 minutos. Não tem motivo para chorar...

"Eu achei que tinha acontecido algo...eu achei que tinha acontecido algo"...Repetindo várias vezes e voltando a chorar.

Foi ai que percebi que era o medo de que algo ruim  acontecesse. Lembrei-me de todos os assaltos que já sofri com ela e sem ela no Recife... Tudo que passamos em casa e fora de casa por causa da violência...E vi como aqueles 5 minutos deviam ser angustiantes pra ela. 

Olhei pra ela e disse. Mamãe vai tentar sempre ser pontual, mas as vezes, muito poucas, pode acontecer um pequeno atraso. Se eu me atrasar 5, 7 minutos ou ate 10 é chato, mas eu vou chegar. Ok? Vamos ficar bem. Não tem perigo aqui, não mais. Não desse tipo que você tem medo. Estamos seguras.

Ela me deu um abraço e disse ok mamãe. Ok.



Como não ficar feliz por estar num lugar tão tranquilo... Segurança é tudo na vida de uma pessoa. Tudo. E agora sei que ela vai esperar em paz por esses 5-7 minutos....

6 comentários:

  1. São duas realidades tão díspares! Aqui e aí.. Brasil e Irlanda... além de dois países distantes, duas realidades que não se tocam. E quão boa é a oportunidade da sua família estar vivenciando isso! Sem inveja, Jana: espero que um dia minha família possa vivenciar isso tbm

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    1. Com certeza Mari, estou na torcida pra que isso acontença....Merecemos ter uma vida tranquila, principalmente mães. rs. Essas merecem em dobro, triplo....

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  2. Ainda que por aí quase não haja mais violência urbana, ao menos por enquanto, a Europa hoje é um barril de pólvora, e uma nova guerra pode estourar a qualquer momento. E sem falar em tantas outras coisas que podem de um momento a outro nos ferir e até mesmo nos privar da vida.
    Só há de fato um lugar que nos oferece total segurança: o Céu.
    Vivamos, mas sempre buscando nos preparar e aos nossos queridos, sobretudo aos filhos, para que alcancemos essa realidade. "A porta é estreita", mas vale demais a pena todo o esforço.
    Beijos e abraços saudosos procês, e parabéns por este novo cantinho! :)

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  3. Jana, se Sofia fosse minha filha já teria enfartado. Tento, mas não consigo ser pontual. Estou sempre correndo para chegar aos lugares. E não falo de sete minutos, falo de trinta, quarenta minutos e por aí vai.... triste isso! Acho que não seria bem quista na Irlanda.

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  4. Jana, se Sofia fosse minha filha já teria enfartado. Tento, mas não consigo ser pontual. Estou sempre correndo para chegar aos lugares. E não falo de sete minutos, falo de trinta, quarenta minutos e por aí vai.... triste isso! Acho que não seria bem quista na Irlanda.

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